domingo, 14 de setembro de 2008

Eletroconvulsoterapia




A ECT (eletroconvulsoterapia) é um tipo de tratamento biológico para transtornos mentais altamente eficaz e extremamente seguro. Em alguns casos pode salvar a vida de uma pessoa (alguém com ideação suicida ou que esteja definhando por falta de alimentação, por exemplo).
Desde os seus princípios nos anos 1930 (ver HISTÓRICO ) , a ECT foi utilizada para condições psiquiátricas nas quais outros tratamentos tiveram pouco ou nenhum benefício.
Independentemente da comprovada eficácia, contudo, muitos medos e incompreensões persistem com relação ao uso de ECT. Algumas pessoas reagem com surpresa quando este procedimento é mencionado, acreditando que é uma forma primitiva de prática médica. Outros associam a ECT com cadeira elétrica, originando receios sobre brutalidade e punição. Na verdade, a prática de ECT é hoje um procedimento humano e tecnicamente bem pesquisado, de eficácia comprovada, muito utilizado para certas condições.

Técnica

O tratamento consiste na aplicação de uma carga elétrica no cérebro, com o paciente anestesiado (é induzida uma anestesia geral com duração em torno de 5 minutos). Esta carga elétrica produz uma descarga do cérebro, originando uma convulsão (daí o nome eletroconvulsoterapia). Esta convulsão é bastante diferente da que ocorre nas pessoas com epilepsia pois é administrada ao paciente, juntamente com a medicação anestésica, uma medicação que promove um relaxamento muscular.
Durante a aplicação, é feito um controle do funcionamento cardíaco (com monitorização através de ECG) e da oxigenação do sangue (através de um oxímetro, uma espécie de dedal que avalia se a quantidade de oxigênio no sangue está adequada) , além de um controle da pressão arterial.
Os aparelhos utilizados para a ECT atualmente são muito desenvolvidos, permitindo que se dê uma carga de energia adequada para cada paciente. Pode-se realizar a aplicação bilateral (na qual os eletrodos são posicionados nas têmporas) ou unilateral (na qual os eletrodos são posicionados um na têmpora e o outro na região superior da cabeça). Durante o procedimento é realizado um eletroencefalograma para controle da crise.

Indicações

A principal indicação para o uso de ECT é a depressão, especialmente se for grave, ou resistente ao tratamento com remédios, ou nos casos em que haja um risco elevado de suicídio. A eficácia para este transtorno é muito alta (em torno de 90%) , comparada com as medicações (em torno de 70%).
Pacientes idosos, que são mais sensíveis aos efeitos colaterais das medicações antidepressivas podem se beneficiar bastante com a ECT.
Também pode ser utilizada para casos em que haja catatonia (uma síndrome comum na esquizofrenia na qual a pessoa fica completamente parada, sem falar e sem se alimentar).
Para pacientes com transtornos mentais durante a gestação (depressões, psicoses) a ECT é o tratamento mais seguro, pois os remédios podem fazer mal à criança, induzindo malformações, especialmente no primeiro trimestre da gravidez.
Pacientes com esquizofrenia ou Transtorno Bipolar do Humor em fase de Mania (ficam com o pensamento acelerado e o comportamento expansivo e incontrolável) também podem se beneficiar da ECT, especialmente quando o quadro é grave e/ou as medicações não obtiveram resultado satisfatório.

Riscos

Antes do início das aplicações, por questão de segurança relacionada ao risco da anestesia, é sempre realizada uma avaliação pré-ECT que consiste em:

exames laboratoriais (hemograma, glicemia, nível sérico de potássio)
eletrocardiograma e avaliação cardiológica
avaliação odontológica
exame de fundo-de-olho ou tomografia de crânio
raios-X de tórax

Apesar de ser um tratamento muito seguro, existem algumas condições nas quais há um risco aumentado e que, por isso, há uma contra-indicação relativa para o uso da ECT. É claro que, se o risco de ficar sem ECT for maior, deve-se fazer a ECT, tomando-se os devidos cuidados. As contra-indicações relativas são: Infarto do miocárdio recente (até 6 meses) , condições que aumentam a presssão intra-craniana (tumores ou hematomas) e aneurisma cerebral ou sangramentos cerebrais ("derrames"). Arritmias do coração devem ser avaliadas por um cardiologista pois a maioria não contra-indica a utilização de ECT.

Efeitos colaterais

São dois os principais efeitos colaterais da ECT: Dor de cabeça (que costuma melhorar com analgésicos comuns do tipo novalgina ou aspirina) e alterações na memória (que é recuperada completamente no prazo máximo de 6 meses). Com as técnicas modernas, estes efeitos são leves e pouco freqüentes.


Curso do tratamento

A ECT costuma ser realizada três vezes por semana, levando uma média de 6 a 12 aplicações para apresentar o seu efeito (mínimo de 1 e máximo de 20 aplicações).
Pode ser feita com o paciente internado ou em regime ambulatorial (o paciente vem da sua casa para a sessão e, depois que acorda da anestesia, volta para casa).
A freqüência e o número das aplicações é decidido pelo consenso entre o médico do paciente que indicou a ECT e a equipe especializada.
Se o paciente responde bem ao tratamento, pode ser realizada a ECT de manutenção, na qual as aplicações vão sendo espaçadas (primeiro semanalmente, depois quinzenalmente e, por fim, mensalmente).
Não há limite para o número máximo de aplicações que uma pessoa pode receber em um esquema de manutenção.